terça-feira, 21 de junho de 2011

O Direito de Ser Frágil...


É uma riqueza insondável este texto de São Paulo (2Cor 12,1-10). São Paulo nos fala que para que o seu espírito não se enchesse de orgulho e vaidade, foi lhe colocado um "espinho na carne".

Não é possível falar de crescimento humano se antes não falarmos de reconhecimento dos nossos limites. O bom treinador é aquele que vai saber salientar a qualidade do atleta, mas, sobretudo, vai saber encaminhá-lo para a superação dos limites. O primeiro passo é reconhecer onde a gente precisa melhorar.

É um grande desafio para todos nós porque, lamentavelmente, as pessoas não estão preparadas para nos educar para a coragem. Sabe por quê? Porque muitas vezes os incentivos que nos são dados estão mais voltados para esquecermos as nossas fragilidades. Quando mostramos as nossas fragilidades, há uma série de repreensões diante de nós.

Você já reparou que a gente não deixa a criança chorar? Já reparou que quando o recém-nascido chora, nós fazemos de tudo para calar a boca dele. Fazemos uma série de "cara feia" para ver se a gente cala a criança, para tentar espantar a fragilidade.

Nós, humanos, temos uma dificuldade imensa de lidar com a fragilidade do outro – ainda que seja filho da gente. Nós gostamos é de todo mundo feliz. Não estamos preparados para encarar a fragilidade. Parece que a nossa educação está sempre voltada para nos revestir de uma coragem que nos faz esquecer o limite.

Ter coragem é descobrir onde está a nossa fragilidade e ali trabalhar com um empenho um pouquinho maior. É não desconsiderar o que temos de bom, mas é também colocar atenção naquilo que ainda temos que melhorar. Estamos em processo de feitura. Não estou pronto, eu não sou perfeito, estou por ser feito, estou sendo feito aos poucos. E no processo de ser feito aos poucos eu vou descobrindo onde é que dói este espinho. Este espinho muda de lugar. Quanto mais uma pessoa está aperfeiçoada no processo de ser gente, maior é a facilidade de conhecer limites.

Para você retirar um espinho, às vezes, é preciso deixar inflamar. É como se o seu corpo dissesse: “Isso não me pertence”. De qualquer jeito, nós temos que tirar aquilo que não nos pertence. Tem algumas inflamações do espírito, da personalidade que tem gente que é tão aborrecida que a gente não pode nem encostar. São aquelas inflamações que se alastram.

E aí é que entra a grande contribuição do Cristianismo, numa proposta antropológica. Porque Deus não quer que você seja um anjinho na terra, mas que você deixe de ser inflamado. Ele quer te mostrar as inflamações para que você lute.

Cara feia, arrogâncias, isso é complexo de inferioridade. Sabe qual é o espinho? O medo, a insegurança.

Você já fez a experiência de viver uma palavra que te fez vazar em tudo o que estava estragado? Língua afiada quer dizer: deixar toda a inflamação que está dentro de nós vir para fora.

Ter condições de vazar aquilo que antes a gente desconhecia é admitir e reconhecer que somos frágeis. A pior ignorância é aquela que finge que sabe! Temos medo de mostrar que não aprendemos, que somos frágeis. Quantas vezes na nossa vida, por medo, perdemos a oportunidade de aprender.

Às vezes, por medo de expor a nossa fragilidade, porque parece que o mundo de hoje se esqueceu de mostrar a cultura do esforço que se fez para chegar aonde chegamos, perdemos o direito de chorar. E muitas vezes choramos e não sabemos o porquê estamos chorando.

O ensinamento de Jesus é sempre o avesso do avesso. Quer ser santo? Assuma que você é fraco. Muitas vezes, neste processo de se conhecer, a gente sangra. E nós precisamos sangrar. Um dos maiores poetas da música diz isso.

Quantas vezes você não se viu traduzido em uma canção de alguém que teve a coragem de sangrar, não teve medo de mostrar as próprias fragilidades.

Nós somos todos iguais. Nós, padres, somos todos iguais. Não adianta a gente fingir que é forte, ou ficar fingindo que não sente e que não tem medo. Eu não sei se você tem mais de cinco pessoas que conhecem os seus segredos. Para quantas pessoas você teve coragem de sangrar? Pessoas que te enxergam por dentro são raras.

Conversão é isso. É você educar o seu filho para ele poder te contar onde estão os espinhos. O espinho não é o defeito, mas é a seta que nos mostra onde temos que trabalhar para ser melhor.

A vida vai perdendo a graça porque não nos deixamos sangrar. A gente sangra melhor nos momentos de intimidade, onde a gente tem coragem de tirar a couraça. É muito melhor a gente admitir que tem medo. Para as pessoas ,é sempre doloroso ter que tirar os espinhos, de ver vazar as inflamações.

Há tantas situações que nos deixam com o “coração na boca”. Às vezes, nós colocamos muito mais atenção naquilo que as pessoas estão achando de nós, do que no que nós pensamos de nós mesmos.

Examine-se, você é uma pessoa que consegue levar o outro à cura. Em última instância, o que vai sobrar de nós é a nossa vontade de amar. Vamos descobrir o que hoje em nós está "infeccionado", porque é preciso sangrar, é preciso reconhecer-se frágil.

Padre Fábio de Melo

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Amar...


Às vezes a gente vai se envolvendo nas situações do dia, o corpo vai absorvendo o peso das decisões , a mente vai acumulando o cansaço de tudo o que vivemos e quando chegamos em casa, queremos mais é tirar peso e as mascaras que carregamos. É ou pelo menos deveria ser o melhor instante do nosso dia. Abrimos a porta e pensamos agora eu quero paz!

Nessa hora não podemos esquecer que se não moramos sozinho há alguém que também viveu situações difíceis, seja na rua ou mesmo dentro de casa e também está como nós.

Quando recordo essa realidade penso que é nessa hora que preciso deixar o melhor de mim fluir, deixar que a medida certa do meu amor transborde e acalente o meu companheiro, seja esposo, pais, filhos, amigos...

O Ricardo Sá(missionário da Canção Nova) compôs uma poesia, que é musica e precisa ser muitas vezes nossa confissão diária: Com o seu amor eu vou mais longe

A chuva está caindo
E com ela vai levando o que restou
De um dia ruim
É duro, a gente acaba magoando
Quem só sabe nos amar

Vem me ensinar a dar o melhor de mim pra você
Vem iluminar este coração muitas vezes tão escuro

Com o seu amor eu vou mais longe
Com o seu amor eu posso quase tudo
Com o seu amor voo mais alto
Pra buscar o que é melhor pra você

Com o seu amor eu sou mais forte
Com o seu amor não tenho medo
Com o seu amor eu vou pra Deus
E eu sei que eu não vou me perder

Meus queridos, amar é uma decisão que vai sendo vivido dia a dia, dor a dor. Amar não é somente dizer : EU TE AMO! Mas é fazer com que esta frase se torne verdade... O outro precisa saber ou melhor sentir, viver o nosso amor.

Não tem nada mais gostoso do que um abraço acolhedor de quem nos ama nos momentos difíceis. As vezes nem precisamos que nos diga nada, só um olhar compassivo já nos acalma, nos acolhe e nos refaz.

Estejamos atento porque o amor do outro pode sim nos fazer ir mais longe!

Barbara Cardoso